sábado, 29 de março de 2008

ÁGUIA OU GALINHA. QUE TIPO DE CONCURSEIRO É VOCÊ?


Confira a mais nova coluna do William Douglas...

ÁGUIA OU GALINHA. QUE TIPO DE CONCURSEIRO É VOCÊ?
Prezado amigos,

É com grande alegria que trago boas novas:Na quarta-feira, dia 12/03/2008, foi aprovado o Orçamento Geral da União para o ano de 2008. Com isto, a União está autorizada a contratar, ao longo deste ano, até 56.348 funcionários. São 40.032 vagas no Poder Executivo, 12.604 no Judiciário, 2.295 no Ministério Público e 1.417 no Legislativo. Certamente, este era o pontapé inicial que faltava para que novos concursos em âmbito nacional começassem a surgir, o que, efetivamente, já aconteceu nodia seguinte à aprovação. Sem dúvida, o ano de 2008 promete ser muito promissor, por isto, vale a dica: comece a se preparar a partir de já!Dois grandes teólogos escreveram livros com o tema a águia e a galinha, cada qual com lições distintas e muito interessantes: Frei Leonardo Boff (Ed. Vozes) e o pastor Jorge MLinhares (Ed. Getsêmani). Vou me valer de textos do segundo (LINHARES, Jorge. Águia ou Galinha? 27ª Ed. Belo Horizonte: Editora Getsêmani, Ltda. 2005. pp. 38-52), e em seguida comparar suas lições com o concurso público, convidando o leitor a descobrir-se "águia" ou "galinha"..."Galinha é caça. Águia é caçadora." Você olha a matéria, os livros, as provas como alguém que vai lhe destruir... ou como algo que você vai caçar e vencer? "Galinha tem olhos laterais. A águia, não. Seus olhos são frontais." Animais que caçam (ao invés de serem caçados) olham para frente, para focar o que desejam.Concursandos que ficam olhando demais para os lados, para os prazeres excessivos, para os problemas... não focam. Águias e ocomiseração não combina bem com a águia." E você, amigo, está esperando piedade alheia ou prefere reunir suas forçar para ir em busca do sonho?"Galinha se alimenta de milho e restos. A águia, do alto, seleciona a presa, e desce como uma flecha sobre ela." Aqui vale o cuidado com a qualidade dos cursos que faz e dos livros ou apostilas que lê. Não se "alimente" de coisa ruim, pois faz mal! Isto também vale para suas conversas e companhias, para os programas de TV que assiste e tudo o mais que influencie sua mente e sua preparação. O lazer é essencial, mas um bom lazer.Se você se negar a ter uma visão e um comportamento limitados como os de uma galinha, pode ter certeza que terá o melhor desta terra. Mas ainda há mais: "O ninho de galinha é feito de pena e capim. Da águia também. Mas sob o capim e as penas, retiradas do próprio peito, a águia coloca uma camada de espinhos."Às vezes é preciso ter, ou ao menos se lembrar, dos "espinhos" para que não nos acomodemos e para que levantemos vôo. São os espinhos da vida, as necessidades, as contas, que algumas vezes nos impulsionam para a vitória. Não é raro ver pessoas com tudo a favor não passarem... talvez por falta de espinhos no ninho, e pessoas com "espinhos" conseguirem passar nos concursos. Não sei se os espinhos são as contas, doença, separação ou o que for, mas espinhos não são limitadores para as águias.A galinha aceita ficar presa, a águia não. Algumas pessoas aceitam uma situação de "prisão", limitadora, enquanto outras ousam melhorar de vida. A galinha faz seu ninho ao nível do chão, sem pensar alto, coisa que uma águia não imagina. Ela voa, pensa e aninhase no alto, que é para onde se dirige sempre.Enquanto há várias espécies de galinha, temos na águia uma espécie rara. Concursandos organizados, estudiosos e que fazem o que é o certo, são raros... e são os que passam, mais cedo ou mais tarde.A diferença não é o que acontece com a águia ou com a galinha, mas como essas duas aves reagem ao que acontece com elas, como elas encaram sua existência e como lidam com ninhos, espinhos, alimentação, desafios etc. Por isso elas são tão diferentes.O livro de Obadias, na Bíblia, diz "Se te remontares como a águia, e puseres o teu ninho entre as estrelas..." (Capítulo 1, verso 4.). Este é o desafio: não importa como você foi até hoje, mas sim que se "remonte" como águia, que é o que você já é ou pode vir a ser. Para ser um concurseiro-águia, basta pensar e agir como um, pois "somos o que pensamos e fazemos".Ponha seu "ninho" entre as estrelas: você merece

quinta-feira, 13 de março de 2008

SÓ DEPENDE DE VOCÊ

O treino exaustivo e a disciplina sempre foram os ingredientes dos campeões. Michael Jordan, por exemplo, antes de se tornar o maior armador do basquete mundial, praticava as enterradas de bola, horas a fio, no quintal de sua casa. E mesmo depois que se transformou numa estrela da NBA, não foi diferente: era o primeiro a chegar e o último a sair do treino.
E a vida de concurseiro ambicioso segue o mesmo modelo, ainda que o ritmo seja diverso. Afinal, a seara das seleções públicas também é extremamente competitiva. “Concurso é uma competição com os outros e consigo mesmo”, filosofa André Luiz Chaves Rocha, 31 anos. “O maior concorrente da pessoa é ela mesma”, concorda o coordenador de um cursinho da Asa Norte, Luciano Frazão.
Ex-atleta, Rocha levou para os estudos a disciplina férrea que aprendeu no esporte em que foi campeão mundial em 2004 — o jiu-jítsu. Depois de perceber o cenário de oportunidades escassas na iniciativa privada (ele é formado em Turismo), decidiu estudar e muito. Para isso, abriu mão das oito horas diárias de treino para gastá-las diante dos livros. No começo, em 2005, eram dois turnos de estudos até que veio o primeiro resultado: um ano e meio depois, foi aprovado no certame do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
“Eu vinha me preparando para o concurso de gestor do Ministério do Planejamento e Orçamento. Mas, não fui aprovado. No entanto, as matérias que estudei serviram para que eu levasse uma vaga no MDS”, conta ele. “Por isso é tão importante ter um foco e uma estratégia, para não perder tempo”, completa o professor Frazão.
Forte competidorE se concurso público é uma — dura — disputa, já na largada o candidato deve ter domínio de três matérias: português, direito constitucional e administrativo. “Ter domínio é acertar tudo ou quase tudo, no momento em que o edital é lançado na praça”, afirma o professor de um cursinho do Distrito Federal, Ronaldo Silva. Mas esse é só o ponto de partida. “Para quem quer concursos fortes, como os da área fiscal, há uma gama de matérias que o candidato precisa saber bem”, observa Silva. Nessa lista, entram nada menos do que oito disciplinas básicas: contabilidade, informática, direito penal e processual penal, direito civil e processual civil, além de inglês e atualidades.
O sonhado concurso de Rocha, o Tribunal de Contas da União (TCU), inclui ainda administração pública, financeira e orçamentária, auditoria governamental e controle externo. Mas antes de ser competitivo nessas matérias, ele tem se fortalecido em matemática e raciocínio lógico, seus pontos fracos. “O esporte me deu visão. Consigo enxergar aquilo em que sou forte e as minhas falhas. E quando sabemos das nossas deficiências, podemos trabalhá-las e fortalecê- las”, filosofa. “Durante sete anos, eu treinei para me tornar um campeão mundial e não perdi o foco até conquistar o meu objetivo”, observa.
Tão fundamental no esporte quanto na vida, a rotina é importantíssima para os estudos. “É preciso fazer um horário e segui-lo, nem que, para isso, a pessoa tenha que entrar no terceiro e quarto turnos do dia”, defende Frazão. E como lutar sem desanimar? Segundo Rocha, com perseverança e disciplina. “Não abro mão dos meus estudos. Sigo à risca minha carga horária. Sempre estou com um texto na mão e aproveito meu tempo ao máximo — horas de almoço, intervalos no trabalho”, conta. Mas o segredo dele está mesmo é na humildade. “Cada derrota me estimula a seguir”, observa.

  1. Para começar a estudar para provas mais difíceis, é preciso estar afiado nas disciplinas comuns à maioria dos concursos:português, direito administrativo e constitucional. Depois escolha o concurso dos sonhos, para que você tenha um programa,uma área para qual se dedique, com disciplinas comuns que servirão para outros certames. Participar de várias seleções é importante, mas é preciso não sair correndo atrás de qualquer um para não perder o conteúdo apreendido.
  2. Para quem vai tentar concursos para cargos específicos, como médico, engenheiro e jornalista, a dica não é diferente: parta dominando português, direito administrativo e constitucional. E escolha uma outra matéria para aprofundar, como raciocínio lógico ou regimento do tribunal. Os conteúdos das faculdades podem ser treinados em simulados e provas, como forma de revisão.
  3. Os candidatos que têm vida corrida, com pouco tempo para estudar, devem dar especial atenção à disciplina. Segundo os professores, estar em contato com os conteúdos diariamente,mesmo que não seja o tempo ideal, ajuda o candidato a entrar no ritmo e avançar na conquista do objetivo.
  4. Há quem goste de estudar sozinho, mas os professores defendem que a preparação em um cursinho ajuda o candidato a buscar as informações corretas, sem perder tempo. Um argumento é que, nas aulas, a pessoa vê os conteúdos mais freqüentes nas provas e como as matérias são abordadas, além de aprender a resolver as questões.
  5. Candidato preparado é candidato atualizado.E a dica vale tanto para quem vai concorrer para a área jurídica, para quem é imprescindível conhecer a mudança de legislação e a doutrina do STF e STJ, quanto para as demais áreas. Ler jornais, revistas semanais e literatura aprimora o espírito crítico e melhora o vocabulário.
  6. Praticar uma atividade física é recomendado não só para manter a saúde mas também para liberar o estresse e a ansiedade.
  7. Ler o edital com cuidado é o primeiro passo para quem quer ser aprovado.Os professores consideram inadmissível o candidato que não conhece a nota mínima da prova, erra prazos de recursos, não usa roupa adequada, dentre outras coisas.

OS SETE PECADOS CONCURSAIS


Gula, soberba, preguiça, inveja, ira, luxúria, avareza. Os sete pecados capitais. Atire a primeira pedra quem nunca cometeu algum deles. Realmente resistir às tentações não é fácil. E você já parou para pensar que até na hora de estudar e prestar um certame é possível pecar? Isso é o que garante um dos maiores experts em concursos públicos do país: William Douglas, que é juiz federal, professor e autor de obras importantes da área jurídica relacionadas a concursos. “Segundo os religiosos, o pecado faz mal e leva para o inferno; os ‘pecados do concurso’ fazem mal também, e levam à reprovação. Ou, dependendo do caso, levam o candidato a desanimar e a desistir de seus sonhos”, filosofa.

Para cada um dos pecados, Douglas faz uma análise diferenciada e avalia que o mais grave cometido pelos concurseiros é a falta de capacidade de administrar o tempo e o excesso de lazer, apesar de a total falta de atividades prazerosas também ser ruim. Mas sem dúvida, os mais comuns, de acordo com o “papa dos concursos”, são a gula e a preguiça.

Mas o que fazer para não se tornar um costumeiro pecador de concursos? Fé sempre e, claro, muito sacrifício. “O que recomendo é que o candidato faça a sua parte e pague o seu preço para chegar aonde quer. Ao dar nossa parcela de fé e sacrifício, chegaremos cedo ou tarde à ‘Terra Prometida’, ao ‘Paraíso’, com o mérito dos santos. ‘Santo’, por sinal, significa, etimologicamente, ‘separado’. Gente que passa em concurso é assim: meio diferente da média, mais dedicada, mais focada. Isso é santidade. Faço votos de que todos passem no concurso de seus sonhos”, finaliza William Douglas.





GULA
É a pressa de passar. Concurso não se faz para passar, mas até passar. E, para isso, é preciso um processo de maturação. A aprovação é resultado de um processo longo, mas é algo que a pessoa – se trabalhar direito – pode contar.

SOBERBA
Soberba é a arrogância, o achar que já é o "dr. sabe-tudo", o "rei da cocada", mal que atinge muitos candidatos bem preparados (e outros nem tanto!). Muitos candidatos inteligentes e bem formados são vítimas da soberba, ao passo que os menos capazes, mas esforçados, chegam lá, assim como na história da corrida da lebre com a tartaruga. A humildade nas aulas, no estudo, nas provas, em todo o processo, enfim, é o caminho para a glória.

PREGUIÇA
Nem é preciso escrever nada. A palavra é auto-explicativa. Contudo, eu sou meio preguiçoso, reconheço. Por isso sempre procurei técnicas de estudo para render mais e poder ter resultados de forma mais eficiente

INVEJA
A inveja acontece quando o concurseiro fica vigiando a vida, as notas e as coisas boas que os outros possuem ao invés de ir resolver a própria vida.

IRA
A ira representa deixar-se "estourar" pela enorme quantidade de fatos que até dão raiva mesmo mas que fazem parte do processo, do sistema: cansaço, carteiras duras (do curso e a sua), dificuldades com a família, com a matéria, os absurdos ou fraudes em concursos, taxas de inscrição abusivas etc. Haja paciência! (ops! Estamos falando de pecados e não de virtudes...) Mas não adianta ficar irado. O jeito é estudar, pois um dia a gente passa, apesar de tudo.

LUXÚRIA
A luxúria é talvez o maior pecado: o lazer exagerado, as viagens, passeios, baladas e tudo o mais que é delicioso, um luxo, e que nos tira tempo de estudar e treinar, bem como a chance de fazer isso no futuro, já nomeado e empossado.

AVAREZA
A avareza tem duas manifestações. A primeira, do candidato que economiza nos investimentos necessários para ser aprovado e a segunda avareza, a pior delas, ocorre quando o cidadão é aprovado e deixa de utilizar o cargo, os poderes e competências dele para o bem da coletividade. Não sejamos avaros com o país, nem com o povo que o (e nos) sustenta. Ao passar, para não ser blasfemo, herege ou apóstata, é preciso devolver ao povo o quanto nós custamos. Isso pode ser feito com trabalho, eficiência, simpatia, honestidade e entusiasmo.

sábado, 8 de março de 2008

PALAVRA PARA OS CONCURSEIROS AMADORES


PALAVRA PARA OS CONCURSEIROS AMADORES
Sábado, 1º de março de 2008, 19 horas, estou lendo. Os filhos estão brincando, a esposa organizando álbuns de fotografias. Deleito-me com Henri Nouwen. Leio uma frase genial e me recordo do compromisso de, semanalmente, entregar alguma palavra de ânimo, conforto e confraternização para os concurseiros, "raça" à qual orgulhosamente pertenço. As dicas técnicas sobre "como passar" estão nos meus livros, mas a conversa sobre o dia, sobre as novidades,tudo isto tem seu lugar aqui, na coluna. Às vezes trato com os concurseiros mais experientes, às vezes, como hoje, com os "amadores", os iniciantes. Às vezes abordo assuntos diretamente relacionados com o concurso, como uma anulação de prova ("dos males, o menor"), às vezes comento sobre assuntos periféricos e nempor isso menos importantes, como família, depressão, sonhos, saúde. Assuntos que afetam diretamente a capacidade produtiva e intelectual para fazer frente aos concursos e, mais que isso, para permanecer inteiro, equilibrado, preferencialmente feliz.A frase de Henri que me fez saltar do sofá e vir para a máquina é a seguinte: "Cada pessoa era na verdade um amador, que literalmente quer dizer 'aquele que ama'" (1). Mas para entender a frase é preciso entender o homem que a proferiu e o contexto onde a mesma foi pronunciada.Henri Nouwen era Professor em Harvard, Yale e Notre Dame.Ffamoso, respeitado, lido, admirado. Contudo, optou por largar livros, palestras e status e incorporar-se como padre de uma comunidade que atendia a deficientes mentais, A Arca. Mais curioso que isso, disse que quem precisava daquele movimento não eram os deficientes que ele passou a cuidar, mas ele mesmo e sua alma conturbada pelas pressões intelectuais e filosóficas da vida que levava. Segundo Nouwen (2):"Aprendi como fazer palestras e escrever livros, como expor tema sistematicamente, como compor títulos e subtítulos, como argumentar e como analisar. Portanto, eu não sabia muito bem me comunicar com homens e mulheres que mal falam e, se o fazem, não estão interessados em argumentos lógicos ou opiniões bem elaboradas." E, prossegue, dizendo de sua dificuldade para falar com "pessoas que ouviam mais com o coração do que com a mente e que eram mais sensíveis aos meus atos do que às minhas palavras".Óbvio, suas colocações me recordam que o problema dos governos e das autoridades (legais, familiares, eclesiásticas) é que falam coisas bonitas mas não as praticam. Eventualmente podem ser intelectualmente admiráveis, mas seus gestos revelam corações vazios ou secos. Logo que chegou à comunidade, entregaram aos seus cuidados Adam, um deficiente mental com 25 anos de idade, que não sabia falar e dependia de grandes cuidados. Henri, totalmente inexperiente nessa lida, se questionava por qual motivo tinham lhe entregue o paciente maiscomplicado. Segundo seus raciocínios bem acabados, "as pessoas mais bem treinadas devem trabalhar com as que têm as maiores deficiências" (p.41).A resposta que recebia é que naquela comunidade eles não seconsideravam "prestadores de serviço" e "pacientes", mas sim ajudantes (os "normais") e membros centrais ("os deficientes"). Então, na verdade, ali todos eram amadores. E "amador", literalmente, significa "aquele que ama".Foi inevitável minha mente se deslocar para a figura dos concurseiros iniciantes, amadores, e me agradar da idéia de que ao invés de jejunos e propedêuticos, fossem vistos como "aqueles que amam". De fato, depois de angariar com o tempo e o esforço alguma experiência, o concurseiro sabe que tem futuro, que existem caminhos, sabe que chegará lá, cedo ou tarde, já aprendeu algumas das "manhas", "macetes" e estratégias para a aprovação, e ainda aprenderá as que ainda faltam, assim como a matéria exigida. Então, depois de um tempo, ele é "escolado", "casca grossa"... e vai caminhar bem. Se souber administrar o cotidiano, as pressões e as dificuldades, se não desistir, se, se, se... (mas o concurseiro experiente já conhece os "se%u2019s"), ele passará.Já quem está começando, não. Ele precisa ser mesmo "aquele que ama" para prosseguir. Com o tempo, aprenderá tudo, mas para começar imagina (como eu imaginava) que é mais fácil realizar os "13 trabalhos de Hércules" do que passar em um concurso. A gente imagina a montanha de matéria, de candidatos, de dificuldades, e só com amor mesmo é que acoisa vai para frente.E amor a que?Existem diversos amores. Alguns muito nobres, como o amor aopróximo, ao país, a servir à comunidade, acabar com o crime, com a doença, ou fazer justiça. Muito Bonito, com certeza. Mas existem amores bem mais "diretos" e "práticos". Respeito um bem recorrente: o amor de alguns por conseguir receber no final do mês um polpudo contracheque (hollerit), que pague as contas e permita alguma diversão.Não tenho a pretensão de escolher por ninguém e muito menos de fazer julgamentos morais sobre por quais razões alguém entra nessa estrada. Cada um é livre para escolher, e para mudar de escolha, ou de razões, na hora que bem entender. Sempre haverá alguém para criticar as decisões ou seus motivos e, particularmente, detesto fazer algo que já tem quem o faça.Se a busca é pela estabilidade e pela remuneração, nenhumproblema. Não a acho menos digna do que a do filantropo que deseja ser remunerado pelo governo para ajudar aos pobres. Basta-me que tal pessoa, a que faz concurso pela grana, cumpra bem seu dever. Ponto. E mesmo isso ainda é uma expectativa. Creio que o governo e a Administração Pública devem criar meios e métodos para eliminar dos seus quadros o preguiçoso, o ineficiente e o corrupto. Indo além, mesmo a corrupção é uma decisão pessoal. O que precisamos é criar instrumentos para prevenir e punir, para o bem do interesse coletivo. E alertar que a experiência mostra não valer a pena trocar o bom nome por riquezas, como já alertava o Rei Salomão (Provérbios 22:1), e que as riquezas de procedência vã evaporam e trazem mais custos do que benefícios.O concurseiro amador é "aquele que ama". Encontrar o que se ama, e descobrir o que o concurso faz esse amor acontecer são uma grande fonte de motivação e energia para continuar a luta. Precisamos de combustível e o amor é a energia mais poderosa do planeta. Ele é quem faz uma pessoa levantar cedo e lutar para colocar o pão na boca do filho que ama, ou Madre Teresa cuidar dos pobres, em Calcutá. Aliás, conta-se que um milionário americano visitou o Lar de Madre Teresa e ficou horrorizado com as dificuldades que ela passava para atender aos internos. Vendo o cenário, exclamou:- Eu não faria isso por dinheiro nenhum nesse mundo!A Madre respondeu tranqüila:- Eu também não!Ela estava ali por amor.O concurseiro mais experiente ainda tem a experiência para lhe guiar e consolar, mas o iniciante ainda não tem nem isso. Ambos, antigos e novos, precisam de motivação e de ânimo, de um sistema de arrefecimento das frustrações naturais e de realimentação psíquica, física e emocional que permita seguir em frente. Nessas horas, sugiro que sejamos um bom "amador", alguém que ama. Ame alguma coisa, qualquer coisa, e faça dela uma ponte para atravessar os dias difíceis. E, depois da aprovação que certamente virá, ainda será preciso amar alguma coisa.Lembro de quando era Delegado de Polícia na 17A D.P., em SãoCristóvão, Rio de Janeiro. Adorava sair para fazer rondas, batidas, tudo a que tinha "direito". Eu amava isso. Numa dessas saídas, para atender um acidente de ônibus, encontrei os bombeiros. Um Oficial, reconhecido como tal pelo capacete branco, tirava uma criança ensangüentada do interior doveículo. Ele me olhou e disse: %u2013 A gente ganha mal e ainda tem que ver isso, uma criança sangrando.Já estava meio em choque pela criança e fiquei mais ainda pela frase, condoído com o pesar daquele "homem do fogo", pesaroso eu também pelo seu drama. Pior, não saiu nada de minha boca, não consegui dizer coisa alguma e me senti um incompetente. A cena ficou na minha mente vários dias, me incomodando.Finalmente, algum tempo depois, veio a resposta. Eu deveria ter dito:- Não, Oficial, a gente ganha mal, mas pelo menos podemos ajudar essa criança.Ainda carrego a minha frustração pessoal de não ter tido tirocíniopara dar a resposta presta, a tempo, para aquele homem angustiado. Estou certo de que aquela palavra o confortaria.Sei que é mais fácil levar o cotidiano da repartição quando encontramos sentido no que fazemos, quando encontramos algum tipo de "amor" pelo trabalho ou pelos seus destinatários. Ser juiz federal sem algum tipo de amor, seja pelo Direito, seja pelo jurisdicionado, é absolutamente insuportável e não há remuneração que compense a falta de algo etéreo e intangível, parece até piegas, como o amor a alguma coisa. Na pior das hipóteses, a pessoa pode levar o dia se no final doexpediente ou da semana tiver alguma coisa que supra suas necessidades espirituais. Falei disso nos últimos capítulos do livro A arte da guerra para concursos, quando cito a Pirâmide de Maslow e a revolução (www.revolucao.info, para os interessados).Aos concurseiros aprovados, recomendo amor pelo ofício ou, na falta dele, amor por alguma coisa dentro ou fora do ofício. Aos concurseiros amadores, que trabalhem com afinco para deixarem logo de ser "iniciantes" e passarem a "iniciados": organizem-se, aprendam a estudar, estudem etc. Aos concurseiro amadores, ainda, os votos de que sejam de fatos "aqueles que amam", ficando cada qual com o privilégio e a gravidade da tarefa de escolher a que amor entregarão suas almas. Aos concurseiros antigos, os votos de que não deixem que o tempo, a rotina e a experiência, que a "casca grossa" impeça a refrigeração e aeração da mente, do corpo e da alma. Espero que algum amor continue fluindo pelas veias e pelos neurônios, tornando possíveis as passadas por mais longa que a estrada continue a parecer por enquanto.É isso. São meus votos: sejamos sempre o melhor tipo de "amadores". Como já foi dito, mantenhamos a "seriedade de uma criança quando brinca", sem a pretensão de entender um mundo que é impassível de ser entendido. Tento manter-me sempre um "amador", motivado por algum amor que me faça seguir adiante, sem perder a impressão de que se não houver algum amor, a caminhada ficará seca e fria. Para não fazer uma coluna muito longa, fico por aqui. Mas, claro, se você ainda quiser conversar mais um pouco, continuemos. Tenho uma grande identificação com Henri Nouwen: em algum momento, de nada adianta ser um intelectual, um profissional respeitado e reconhecido, ter uma situação privilegiada. Em algum lugar, somos todos iguais na necessidade de paz, auto-estima e aceitação, somos todos iguais na necessidade de sermos admirados pelo que fazemos, mas muito mais sermos amados independentemente do que somos capazes de fazer. Em suma, em algum lugar que a ciência, nem a razão, nem o sucesso permitem chegar; o amor compartilhado e gratuito é o que nos salva. Por isso, Henri foi para A Arca, e por isso escreveu um livro sobre sua relação com um deficiente mental. Por isso, algumas vezes, eu prefiro a companhia deles à de luminares dos mais admiráveis do ponto de vista intelectual, mas deficientes emocionais em busca apenas de aplauso. E não pensem que qualquer um de nós, a começar por mim, não está sujeito a tais tentações sutis. Os ricos, intelectual ou financeiramente, são os mais suscetíveis a serem enganados pela quimera da riqueza, e talvez por isso Jesus tenha alertado no Sermão do Monte (Mateus, Cap 5) que bem-aventurados são os pobres de espírito porque deles é o Reino.Henri, no livro A volta do filho pródigo (p.47), diz:"O mundo diz: 'Sim, eu o amo se você é bonito, inteligente e rico. Eu amo 'você' se você tem uma boa educação, bom emprego e bons relacionamentos. Amo você se você realiza muito, vende muito, compra muito" . Há 'ses' sem-número escondidos no amor do mundo. Esses 'ses' me escravizam uma vez que é impossível responder adequadamente a todos eles. O amor do mundo é e será sempre condicional. Enquanto eu buscar o meu verdadeiro eu no mundo condicional, ficarei 'preso' ao mundo, tentando, caindo e tentando novamente. É um mundo que leva à decadência, porque o que oferece não preenche o anseio mais íntimo do meu coração."Cito este texto por que o concurso nos exige alguns "ses"perfeitamente legítimos e necessários: se você estudar, se você treinar, se você não desistir... É só ler o "Como Passar" e você verá uma lista de "ses" acompanhados de suas conseqüências, premiações etc. Mas ao mesmo tempo, alerto que tudo isso não pode turvar nossa visão para as coisas mais simples. Passar no concurso é importante para dar nossa carreira, emprego, realização, remuneração, estabilidade, uma série de coisas boas e desejáveis. Apenas não podemos deixar que as pressões externas impeçam que algum tipo de serenidade e de amor seja o combustível real que nos faz levantar da cama todos os dias.Já digo isso mais como um "irmão de armas", um colega de caminhada, do que como professor de técnicas de estudo e de realização de provas. O problema é muito mais profundo do que passar... Como dizia Belchior, "viver é que é o grande perigo". Amemos profundamente alguma coisa, vivamos em perigo.Para concluir, naturalmente recomendo a leitura dos livros de Henri. Se me permitem o abuso, comunico que este mês chega às livrarias meu novo livro: Como falar bem em público, em parceria com Rogério Sanches e Ana Lúcia Spina, publicado pela Ediouro. Quem o ler, por favor transmita suas impressões pelo meu site ou pela comunidade no Orkut. Ficarei agradecido. Quanto à conversa de hoje, se tiverem comentários, eles são muito bem-vindos igualmente.(1) "Adam, o amado de Deus", Paulinas, 2000. p. 41(2) "A volta do filho pródigo", Paulinas, 2007, p. 18.

Olá caros leitores,
esse é o meu primeiro post no qual gostaria de compartilhar um pouco da minha vida como concurseiro.
Dia 2 de março de 2008 eu fiz à prova do TJDFT, e não fui muito bem, com isso bateu um desanimo em continuar seguindo essa árdua caminhada que é ser aprovado em um concurso público. Hoje eu lí a coluna do Eminente William Douglas que fala sobre a Depressão, após cada palavra dita por ele eu senti uma vontade muito forte de continua a batalha e jamais desisti do meu objetivo (passsar em um concurso público), bom, acho que isso é o bastante para dar início a esse Blog....
Segue em anexo a última coluna do William Douglas...
Um abraço e até a próxima....