quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

IMPORTÂNCIA da Resolução de Questões de Provas Anteriores Segundo o Prof. GUSTAVO BARCHET




Pessoal gostaria de tratar de três assuntos que considero de central importância na preparação com sucesso para qualquer concurso público: resolução de questões anteriores da entidade que vai organizar o certame; escolha do material teórico e metodologia de estudo e revisão.

Primeiramente, você tem que se dar conta de que resolver questões de provas anteriores da entidade (ESAF, CESPE, FCC etc) que vai elaborar a prova do concurso não é apenas ‘proveitoso’, ‘útil’, ‘importante’. Não, não. É muito mais que isso: é IMPRESCINDÍVEL.

Em se tratando de provas objetivas, todo concursando tem que ter em mente que seu objetivo não é aprender Direito Administrativo, Contabilidade, Matemática Financeira ou qualquer outra disciplina exigida no certame, nem meramente resolver questões desta disciplina, mas resolver questões DA FORMA COMO ELAS SÃO ELABORADAS PELA ENTIDADE EM QUESTÃO. Vou relatar uma experiência pessoal para reforçar essa assertiva.

A situação em questão diz respeito ao concurso que prestei para Delegado da PF em  2002. Na época, estava em Brasília, fazendo o curso de formação para AFRF, e não dispunha, em função disso, de muito tempo para estudar. Desse modo, quando saiu o edital (salvo engano, a prova era aproximadamente três meses depois da publicação), eu tive que fazer um projeto de estudo o mais enxuto possível.

Apesar de formado em Direito, meu conhecimento, exceto em Administrativo, Tributário e Constitucional, era extremamente limitado, e o concurso, em vista da remuneração inicial do cargo, dava toda a pinta de que seria disputado por candidatos com elevado nível de conhecimento jurídico, que já vinham se preparando para concursos como os da magistratura e do Ministério Público. Das matérias exigidas, cerca de 60% eu desconhecia ou conhecia muito pouco.

Pois bem, frente a essa situação e em face do tempo restrito até a prova, eu optei por escolher um material de estudo de boa qualidade, mas o mais sintético possível (e dê-lhe Sinopse!!), e resolver um grande número de questões anteriores do CESPE.

Aproveitando que estava em Brasília, pedi umas orientações para o Vicente (foi assim que eu conheci a figura), e ele me ofereceu todo o material disponível no Ponto. Peguei o material, cerca de 40 provas anteriores, e dividi meu tempo em 60% de estudo teórico e 40 % de resolução de questões (em informática, matéria em que era totalmente ignorante, simplesmente paguei para um professor comentar as questões e limitei meus estudos a isso).

Bom, o resultado dessa minha metodologia foi que, dentre os 50.000 candidatos às 500 vagas, eu fiquei em 32% lugar. Não quero aqui fazer auto-adulação, pelo contrário, o que desejo é salientar que, apesar de meu restrito, verdadeiramente restrito conhecimento de boa parte das matérias da prova, eu pontuei o suficiente para ficar bem colocado. Por quê isso? Não é porque sou o gênio da lâmpada, nada disso, mas porque eu, ao resolver 3 ou 4 vezes cada prova, anotando minhas dúvidas e conclusões, aprendi de cada matéria os pontos cobrados pelo CESPE, E DA FORMA COMO PELA ENTIDADE COBRADOS.

Basicamente, eu aprendi, naqueles três meses, a ‘pensar CESPE’, e foi isso que me permitiu ficar bem classificado. Sem qualquer exagero, quando fui fazer a prova física, no tempo em que a gente fica esperando ser chamado para o exercício (oportunidade em que descobri do jeito mais infeliz que fazer barra é barra), ficamos num grupo de 30 ou 40 pessoas comentando a prova, e eu vi o desnível do meu conhecimento com relação a pessoas que fizeram 10, 12, 14% menos pontos que eu na prova.

Elas tinham um conhecimento muito mais profundo (não estou exagerando, esta é simplesmente a verdade) das matérias jurídicas como um todo (3 ou quatro livros de cada matéria, estudo da jurisprudência dos Tribunais Superiores e do STF ...), ao passo que meu estudo foi disparadamente mais superficial (1 livro de cada matéria, nomáximo 2, e nem cheguei perto dos sites dos Tribunais Superiores). No entanto, eu tinha o que a maioria não tinha: um bom conhecimento dos posicionamentos do CESPE, da forma como ele elabora as questões, dos pontos que ele preferencialmente enfoca. Isso me permitiu uma boa classificação com um conhecimento muito mais limitado do que o de milhares de candidatos que nem chegaram a fazer a segunda fase do concurso.

Em síntese, trouxe o exemplo para enfatizar: faça questões, não apenas como complemento de estudo, mas como parte do seu quotidiano de preparação. Selecione as 30 últimas provas, faça um índice de disciplina por provas (questões 1 a 20 da prova de AFRF/2003: Português; questões 20 a 40 da Prova AFC/2002: Direito Constitucional etc) e resolva ao menos 3 vezes por semana uma prova (ou parte de uma prova) de cada disciplina do concurso, anotando todas as conclusões que conseguir retirar da resolução (tudo aquilo que você não conseguiu aprender, ou aprendeu deficientemente, estudando a teoria), as questões que considera interessante refazer num futuro próximo e as que errou e não conseguir descobrir o motivo.

Experimente um mês esse método, e você perceberá a evolução de seu estudo, além do fato, por si só, de que a resolução de questões quebra a rotina mais tediosa (para a maioria) do estudo da teoria pura.
Como segundo ponto, quero salientar a importância da escolha do material teórico de estudo. Na minha opinião a questão se resolve com base em dois critérios:

1º) escolha um livro (não uma apostila, a não ser que exista livro tratando da matéria ou que a apostila seja excelente) voltado para concursos. Esse livro não é o livro mais completo sobre a matéria, nem necessariamente o mais respeitado no mercado, mas o livro que melhor responde às suas necessidades (que é resolver questões objetivas). Em Direito Administrativo, para cursos de área não-jurídica, indico sem qualquer receio o livro do Vicente e do Marcelo;

2º) escolha apenas UM livro. No máximo, se der tempo, adote outro como leitura complementar, lendo-o apenas uma vez e marcando apenas os pontos não abordados ou insuficientemente abordados no primeiro, o livro-base. Numa eventual releitura apenas os pontos marcados do material complementar devem ser revistos.

Por terceiro, a questão que, juntamente com a resolução rotineira de questões, em meu entender constitui a chave para o sucesso na preparação: a medotodologia de estudo e revisão. Não quero, e nem tenho conhecimento para isso, dar uma aula sobre metodologia de preparação para concursos, mas apenas dar minha receita pessoal de preparação, a qual consiste basicamente no seguinte:

1º) estudar o material teórico uma ou duas vezes, conforme a necessidade, de modo a obter um razoável conhecimento, pelo menos, dos pontos básicos da matéria. Esse material teórico, em Direito, envolve tanto o livro escolhido (ou os 2 livros, se adotar um complementar) como as leis exigidas na prova (por mais chato que seja, é indispensável um razoável conhecimento da literalidade lei para a aprovação, pois tal conhecimento é pressuposto tanto para a compreensão adequada da matéria como é suficiente, por si só, para se resolver diversas questões da prova);

2º) IMEDIATAMENTE após esse primeiro estudo da disciplina, comece a resolver, de forma sistemática (ao menos três vezes por semana, nem que seja 15 minutos a cada vez) as questões das provas anteriores. Tenha um caderno próprio para isso, e anote nele, pelo menos, TUDO que concluir com a resolução, bem como as questões que errou e não conseguiu descobrir o motivo;

3º) leia novamente o material teórico (lei, livro-base e apenas as anotações do livro complementar, se você optou por adotá-lo). Esse segundo momento de estudo teórico em regra é muito mais produtivo que o primeiro, pelo fato de você já ter feito a bateria de questões. Nessa etapa você tem que adquirir, se não o fez anteriormente, um conhecimento não só dos aspectos principais da disciplina, mas também dos detalhes específicos de cada uma de suas unidades (pois é este conhecimento que, além da aprovação, possibilita a classificação dentro do número de vagas);

4º) se der tempo, tente solucionar novamente o material de provas anteriores, ou ao menos parte desse material, principalmente as questões anotadas. Nessa resolução você deve complementar suas anotações;

5º) conforme sua disponibilidade de tempo, leia novamente o material teórico (em minha experiência pessoal, é nessa terceira leitura que atingimos um bom nível de conhecimento) e, OBRIGATORIAMENTE, releia todas suas anotações da resolução de questões.

Um comentário:

  1. Muito obrigada por compartilhar o texto de dicas, eu não poderia baixar no scribd.

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